quarta-feira, 11 de abril de 2012

Universidade na Idade Média

Trabalho

Revolução no trabalho Medieval

Pintura medieval

Trabalho árduo de um grupo de camponeses.

Castelo Medieval

O castelo domina a paisagem medieval. Este castelo foi construído no século XIII e está localizado no vale d'Aosta - Itália.

Carlos Magno

Invasões Árabes


Invasões bárbaras do Império Romano, mostrando a Batalha de Adrianópolis.


Era dos Califas

Era dos Califas
██ Expansão sob Maomé, 622-632
██ Expansão durante o Rashidun, 632-661
██ Expansão durante o CalifadoOmíada, 661-750

Constantinopla - período Bizantino

Império Bizantino


Império Bizantino em 550. As conquistas de Justiniano estão em verde.


Castelo de Lichtenstein

Castelo de Lichtenstein, construído originalmente no século XII e reconstruído no XIX.

Idade Média

A Idade Média, Idade Medieval, Era Medieval ou Medievo foi o período intermédio numa divisão esquemática da História da Europa, convencionada pelos historiadores, em quatro "eras", a saber: a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea.  Este período caracteriza-se pela influência da Igreja sobre toda a sociedade. Esta encontra-se dividida em três classes: clero, nobreza e povo. Ao clero pertence a função religiosa, é a classe culta e possui propriedades, muitas recebidas por doações de reis ou nobres a conventos. Os elementos do clero são oriundos da nobreza e do povo. A nobreza é a classe guerreira, proprietária de terras, cujos títulos e propriedades são hereditários. O povo é a maioria da população que trabalha para as outras classes, constituído em grande parte por servos. O sistema político, social e económico característico foi o feudalismo, sistema muito rígido em progressão social.

Fome, pestes e guerras são uma constante durante toda a era medieval. As invasões de árabes, vikings, mongóis e húngaros dão-se entre os séculos VIII e XI. Isto trouxe grande instabilidade política e económica.
 A economia medieval é em grande parte de subsistência. A riqueza era medida em terras para cultivo, agricultura e pastoreio. O comércio era escasso e a moeda era rara.
Muitos Estados europeus são criados nesta época: França, Inglaterra, Dinamarca, Portugal e os reinos que se fundiram na moderna Espanha, entre outros. Muitas das línguas faladas na Europa evoluíram nesta época a partir do latim, recebendo influências dos idiomas dos povos invasores.

O período da Idade Média foi tradicionalmente delimitado em eventos políticos. Nesses termos, ter-se-ia iniciado com a desintegração do Império Romano do Ocidente, no século V (em 476 d. C.), e terminado com o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda de Constantinopla, no século XV (em 1453 d.C.) ou com a descoberta da América (em 1492)[2] no desenrolar dos chamados Descobrimentos.

A Era Medieval pode também ser subdividida em períodos menores, num dos modos de classificação mais populares, é separada em dois períodos:

 1.Alta Idade Média, que decorre do século V ao X;
 2.Baixa Idade Média, que se estende do século XI ao XV.

Uma outra classificação muito comum divide a era em três períodos:

 1.Idade Média Antiga (ou Alta Idade Média ou Antiguidade Tardia) que decorre do século V ao X;
 2.Idade Média Plena (ou Idade Média Clássica) que se estende do século XI ao XIII;
 3.Idade Média Tardia (ou Baixa Idade Média), correspondente aos séculos XIV e XV.

Esse período inicial da história medieval é conhecido como "Primeira Idade Média", pois é uma fase de transição e de adaptações da Europa. Períodos históricos "de transição" também podem ser denominados Idade Média, porém o período medieval é um evento estritamente europeu.

As conquistas árabes

Depois da morte de Maomé, os poderes políticos, religiosos e militares foram confiados aos califas, que se tornavam seguidores de Maomé. Eles guiaram as belicosas tribos de beduínos já unificadas nas conquistas de novas terras e na expansão da religião muçulmana. Distinguimos três fases na expansão muçulmana:
 1ª fase (632-661): Em menos de 30 anos, sob a chefia de quatro califas, residentes em Medina, os árabes conquistaram os bizantinos, a Síria, a Palestina, o Egito e a Tunísia.
 2ª fase (661-750): Subiu ao poder a Dinastia dos Omíadas, que transferiram a residência para a cidade de Damasco, onde estabeleceram o califado. Nessa época, os árabes armaram potentes frotas e se impuseram como potência naval. Para os lados do Oriente, atravessaram o Rio Indo. No Ocidente, estenderam seus domínios ao norte da África e passaram o Estreito de Gibraltar, ocupando a Espanha em 711, onde dominaram os bárbaros visigodos. Da Espanha foram para a França, mas foram derrotados na Batalha de Poitiers pelos francos, comandados por Carlos Martel. Esse fracasso põe fim ao avanço árabe no Ocidente.
 3ª fase (750-1258): Com a chegada da Dinastia Abassidia, houve outra mudança do califado para a cidade de Bagdá (na Mesopotâmia).

A partir da segunda metade do século VIII, o grande império muçulmano caiu em profunda crise interna e se dividiu em vários Estados independentes, sendo os principais o Emirado de Córdoba, na Espanha, e o Emirado do Cairo, no Egito. Os árabes ainda conquistaram a Sicília, o sul da Itália e as ilhas de Córsega e Sardenha. Aos poucos, os árabes começaram a se retirar do Oriente, invadido pelos mongóis, que tomaram a Pérsia e destruíram Bagdá. No Ocidente, os árabes se estabeleceram na Espanha, onde fundaram um reino de nome Granada, até 1492.

Civilização islâmica

A rápida expansão árabe se deveu a dois fatores principais: de um lado, o ardor religioso dos guerreiros beduínos e, de outro lado, a religião islâmica, que ganhava muitos seguidores, independentemente de raça ou nacionalidade. Graças à posiçao geográfica dos lugares que conquistavam, chegaram a controlar as grandes vias comerciais marítimas e terrestres. As cortes dos seus califados e emirados eram luxuosas. Os árabes não destruíram as civilizações com as quais tiveram contato, mas sim levaram originais contribuições aos povos conquistados. Por onde passaram, desenvolveram cidades e deram impulso à agricultura, com a introdução de novas técnicas de irrigação e o cultivo de plantas até então pouco conhecidas, como algodão, alcachofra, aspargo, laranja. Extraordinário impulso também deram ao artesanato, com perfeição, técnica e bom gosto. Trabalharam tapetes, brocados e objetos de metais.

Na arte, se limitaram à pintura e a alguns campos de escultura, porque o Corão proibia a representação de figuras humanas. A arquitetura encontrou sua grandiosidade na construção das mesquitas, com suas originais cúpulas e seus minaretes, que eram torres altas, pontiagudas e artisticamente trabalhadas, de onde os sacerdotes anunciavam as orações. Na decoração interna, os artistas árabes, inspirados na arte bizantina, persa e indiana, souberam criar refinados motivos geométricos e ornamentais - são os chamados arabescos
Na filosofia e nos estudos científicos, os árabes assimilaram o pensamento da Grécia clássica, através do contato com o mundo helenístico e com a civilização bizantina. Os árabes foram os primeiros a traduzir e comentar as obras do grande filósofo grego Aristóteles. Aproveitaram também os conhecimentos gregos nos campos da matemática, astronomia, medicina e química. No campo da matemática, devemos aos árabes a utilização dos algarismos arábicos, que eles pegaram dos hindus e divulgaram, juntamente com noções de cálculo e o emprego do zero.

Na literatura, os árabes deixaram vastas obras na poesia e nos contos. Entre os contos, ficaram famosos os das Mil e uma noites.

Contribuições árabes para o Ocidente

 Os árabes difundiram sua cultura pelo Ocidente, introduziram na Europa os algarismos arábicos, o uso da bússola e da pólvora. Os sábios árabes fizeram renascer o interesse pela cultura grega clássica, que andava esquecida durante a Idade Média, e principalmente chamaram as atenções para as obras do grànde pensador grego Aristóteles, que vai influenciar grandemente o pensamento medieval. Intensificaram o comércio do Mediterrâneo com artigos de luxo.  Introduziram na Europa novas técnicas agrícolas, novos conhecimentos de farmacologia, botânica e ciências naturais.

Os bárbaros
Depois da morte de Constantino, o Império Romano do Ocidente teve que enfrentar a pressão dos povos bárbaros em suas fronteiras. Os bárbaros eram povos que habitavam além das fronteiras do Império Romano. Eram considerados inferiores e apelidados de "bárbaros" porque não falavam a língua latina, usada pelos romanos. O principal grupo de povos bárbaros foram os germanos, povos indo-europeus provenientes da Escandinávia. Os principais povos bárbaros que ocuparam o Império Romano eram os seguintes:  germanos, subdivididos em anglos, saxões, francos, borgúndios, vândalos, godos, sálios, rêmulos, suevos e lombardos. Os godos se subdividiam em ostrogodos (que eram os godos orientais) e visigodos (que eram os godos ocidentais); celtas', habitantes da Escócia e da Irlanda;  eslavos, habitantes da atual região da Rússia; tártaros, dos Bálcãs (subdivididos em búlgaros, hunos e mongóis).

As invasões bárbaras
Os bárbaros sempre ameaçaram ocupar o Império Romano, mas sempre foram repelidos. Com o enfraquecimento do Império, começaram a entrar pacificamente nos domínios romanos, chegando mesmo a fornecer soldados para o exército romano e a possuir terras junto com a nobreza romana. No final do século IV e começo do século V, os germanos resolveram ocupar o Império Romano usando a força e a violência. Foi a época das grandes invasões, que tiveram vários motivos, como: necessidade dos germanos de adquirir mais terras para seus rebanhos de gado e cobiça pelas riquezas do Império Romano. Além disso, os hunos, um grupo de bárbaros vindos dos lados da China, devastavam as regiões por onde passavam, obrigando os germanos a se refugiarem dentro do território do Império Romano. Esses hunos eram guerreiros cruéis e de costumes primitivos. Átila, seu grande chefe, foi apelidado de "flagelo de Deus" pela sua crueldade. Espalhou o terror pelas cidades que saqueou, na sua investida até a Gália (França).

Os germanos

Estabeleceram-se por muitos séculos fora das fronteiras do Império Romano. Era um povo dedicado ao pastoreio, à agricultura e à pesca. Ao invés de se dedicarem a atividades pacíficas, preferiam a guerra, que consideravam a única atividade digna de um homem. Eram pagãos e adoravam as forças da natureza. Viviam em tribos ou clãs, comandados por um chefe chamado herzog, eleito em assembléias populares. Moravam em casas de madeira de um só aposento e se vestiam de peles de animais. O seu comércio era feito de maneira primitiva, na base da troca.

Uso da terra e sociedade

No início, as terras eram de todos. Todos desfrutavam os mesmo direitos, mas uns agricultores foram superando outros - e se formou uma aristocracia agrária, que mandava nos agricultores menores - e se tornaram seus chefes. Era formada de várias camadas: os homens livres, que gozavam de direitos políticos e formavam o exército; os homens semilivres, que eram os membros das tribos que se sujeitavam às ordens dos chefes; os escravos, que eram totalmente submissos aos donos.
Quanto à família, a mulher era submissa ao marido, que tinha toda autoridade sobre ela. O casamento era monogâmico, mas os chefes podiam ter mais de uma esposa. Os germanos conheciam o artesanato em metal, faziam jóias de ouro e trabalhavam pedras preciosas. Eram hábeis na fabricação de armas e não sabiam ler nem escrever.

Religião
Os povos germanos eram politeístas e adoravam as forças da natureza. A sua principal divindade era Odin, deus da guerra, do céu, da terra e do fogo. Adoravam o trovão, que chamavam de Thor. A deusa da juventude, do matrimônio e da primavera era Freya. Os deuses acolhiam no seu reino (no Wahla) os valorosos combatentes de guerra, que iam para lá guiados pelas deusas Valquírias. Os que morriam de velhice ou doença iam para o reino de Hell, onde tudo era trevas. 

Leis

A justiça para esses povos, que não possuíam escrita nem leis escritas, era muito primitiva e ligada à religião. Para provar a própria inocência, um homem acusado de ter cometido um crime devia se submeter à justiça de Deus. Dos acusados eram exigidas provas terríveis, como passar pelo fogo, colocar a mão em água quente ou mesmo segurar um ferro em brasa. Esse julgamento tinha forte fundo religioso, pois se os acusados demonstrassem dor, certamente eram culpados. Esse tipo de julgamento era chamado de ordálio.

Reinos bárbaros

Os bárbaros de origem germânica ocuparam muitas partes do Império Romano e lá fundaram vários reinos, que deram origem a muitos dos atuais países europeus. Inicialmente, os germanos assimilaram dos romanos a arte, a cultura e, por fim, sabiam falar a própria língua latina. Reino dos visigodos - Esse reino se estendeu por boa parte da Espanha e da Gália Meridional (França). Foi um reino que sofreu fortes pressões da população católica local. Seu grande chefe foi Alarico, que saqueou Roma em 410. No século VIII. os árabes invadiram e destruíram o reino visigodo..
 Reino dos vândalos - Foi um reino breve e complicado. Os vândalos eram cruéis e devastadores, donde surgiu a palavra "vandalismo" para designar atos de destruiçâo e selvageria. Esse povo se estabeleceu no sul da Espanha. Seu principal rei foi Genserico (428-477). Criaram um reino no norte da África, mas se dispersaram e gastaram suas forças com lutas internas, vindo a ser dominados pelos bizantinos, entre os anos de 533 a 534.
 Reino dos ostrogodos - Foi criado por Teodortco, na Itália. Seus súditos se converteram ao cristianismo e se destacaram no culto religioso e em grandes obras públicas.
 Reino dos francos - Diferente dos demais reinos germânicos, os francos tiveram um papel muito importante na Europa, a partir da Dinastia Merovfngia, fundada pelo rei Meroveu. Depois, o grande rei Clóvis unificou a Gália Setentrional e fez com que os francos, ainda ligados ao paganismo, se convertessem à religião católica..

Consequências das invasões bárbaras
 O aparecimento das línguas anglo-saxônicas (inglês e alemão)
 Bárbaros convertidos em massa ao cristianismo.
 Idéias e teorias democráticas, interesse pela liberdade e pela vida simples e sadia. O aparecimento do feudalismo, iniciado com o sistema de aristocracia agrária e aldeias comunitárias de camponeses, introduzidas pelos bárbaros na Europa. Com o tempo, houve o fortalecimento dos nobres locais, donos de terras, e um enfraquecimento do poder real, o que contribuiu para a formação do sistema de feudalismo medieval.

Os francos

Dinastia merovíngia
Iniciada pelo rei Meroveu, teve em Clóvis uma época de progressos. O rei Clóvis (481-511), grande lutador, unificou os francos, que tinham muitas tribos esparsas pelo atual território da Alemanha e da França. Casou-se com Clotilde, uma cristã ortodoxa. Desejando o apoio da Igreja para facilitar suas conquistas, Clóvis se converteu ao catolicismo. Com a morte de Clóvis, o reino franco foi dividido entre seus filhos, que por muitos anos seguiram o trabalho do pai. Por volta do século VII, os reis merovíngios foram-se tornando indolentes e displicentes, entregando os trabalhos administrativos aos chamados prefeitos ou mordomos do Paço. Esses aproveitaram-se da situação e se tornaram poderosos administradores dos negócios do reino. O mais famoso prefeito do Paço foi Carlos Martel (714-741), que venceu os árabes na Batalha de Poitiers, em 732, impedindo a expansão dos árabes da Espanha para a França. Nessa ocasião, Carlos Martel tornou-se rei dos francos. Seu sucessor foi seu filho, Pepino, o Breve, em 751. Pepino criou a Dinastia Carolíngia, que teve grande importância na história da Europa Medieval.

Dinastia carolíngia

Os primeiros tempos carolíngios foram difíceis. Faltava unificação para a França de Clóvis. Mas o reino franco conseguiu força e poder com o filho de Pepino, o Breve, Carlos Magno, que subiu ao trono em 768 e governou por 50 anos. Ao assumir o trono, Carlos Magno lutou contra os lombardos que o ameaçavam, venceu-os e recebeu do chefe lombardo a famosa coroa de ferro usada pelos reis lombardos. Carlos Magno doou as terras conquistadas para a Igreja (Santa Sé) e essas terras, juntamente com outras doadas por Pepino, o Breve, formaram o chamado Patrimônio de São Pedro. A Igreja Católica se tornou. assim, proprietária de vastas extensões de terras em várias partes da Europa, principalmente na França e na Itália. Com isso, a Igreja acrescentava ao seu poder espiritual um forte poder econômico (poder temporal).

Depois de expulsar os lombardos de Roma, Carlos Magno começou a conquista de várias regiões da Europa Central e Oriental. Lutou contra os árabes na Espanha, sem muito sucesso. Em terras hispânicas, perdeu seu inseparável companheiro, o conde Rolando. Este ficou na história como uma figura famosa, que originou um belíssimo poema medieval de autor desconhecido: La chanson de Roland.. Lutou contra os saxões, converteu o chefe bárbaro do povo saxão ao catolicismo e, em seguida, todo o povo se converteu, porque era costume dos germanos todos seguirem a religião do chefe. Carlos Magno costumava respeitar os vencidos, dando-lhes direitos e liberdade. Com inteligência e habilidade, ele reconstruiu o Império Romano do Ocidente. E na noite de Natal do ano 800, recebeu das mãos do papa Leão III a coroa de ouro de imperador do Ocidente. O papa teria dito na ocasião: "A Carlos Magno, coroado por Deus, vida e vitória".
O grande império organizado por Carlos Magno passou a se chamar Sacro Império Romano, com forte participação do imperador nos assuntos religiosos.

Organização do império de Carlos Magno

Carlos Magno, que tinha uma forte organização militar, foi também um ótimo administrador do seu reino. O imperador exercia seu domínio por meio de condes e marqueses. Os condes administravam os condados, que eram províncias internas, cerca de 200 na época; os marqueses eram os capitães das marcas, isto é, das grandes províncias e das mais importantes, que ficavam nas fronteiras. Como recompensa pelo trabalho dos condes e marqueses, o imperador doava extensões de terras, os chamados beneficium. Tinham, porém, a obrigação de cuidar dos serviços públicos, formar milícias, administrar a justiça e recolher os impostos. Para fiscalizar a administração, o imperador dispunha de nobres de sua confiança, os chamados missi dominici (enviados do senhor), que eram pagos, também, com doações de terras. Essas doações de terras constituem uma das raízes do sistema feudal da Idade Média, com o fortalecimento de nobres donos de grandes extensões de terras. Como as leis não eram as mesmas para todas as regiões do vasto império, Carlos Magno criou as leis chamadas capitulares, que eram as mais importantes e que valiam para todo o império.

O renascimento da cultura

Carlos Magno, com o apoio da Igreja, deu grande importância à cultura, para fazer reviver a grandeza do Império Romano. Reuniu estudiosos da época e formou a Academia Palatina, assim chamada porque funcionava no próprio palácio imperial. O mais importante conselheiro e colaborador da academia era o próprio Carlos Magno que, apesar de analfabeto, era um homem de espírito aberto, inteligente e amante da cultura. No campo cultural, destacou-se o monge Alcuíno, um estudioso inglês (naquela época, os estudos na Inglaterra estavam bem adiantados em relação ao restante da Europa). O analfabetismo foi bastante combatido e muitas escolas foram criadas. Nas escolas ensinava-se gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria e música. Além do ensino nos mosteiros, havia as escolas paroquiais, onde se ensinava religião, o respeito às leis e às autoridades e os primeiros conhecimentos escolares. Num grau mais elevado, havia as escolas episcopais.    Por iniciativa de Alcuíno, foram criados os scriptorium, que eram salas apropriadas onde os copistas multiplicavam, copiando a mão, as obras clássicas e outros livros.

Arte carolíngia
O palácio de Carlos Magno, na Alemanha, foi uma obra de grande riqueza, infelizmente destruída por um incêndio no século XIII. Na arquitetura, o estilo foi o românico e grandes igrejas foram construídas. A ourivesaria carolíngia mostra grande habilidade e bom gosto.

Fim do Império Carolíngio

Quando Carlos Magno morreu, em 814, deixou apenas um herdeiro, Luís, o Piedoso, que governou de 814 a 840. Luís tinha três filhos, e o império foi dividido entre eles, pelo Tratado de Verdun, em 843. O grande império ficou assim dividido: Carlos, o Calvo, ficou com a França; Luís, o Germânico, ficou com a Alemanha; e Lotário ficou com parte da Alemanha, Itália e Borgonha. A divisão do Império Carolíngio durou 87 anos. Foi de grande importância na história da Europa, porque permitiu a formação de grandes Estados modernos, como a França, Alemanha e Itália.

Medicina na Idade Média


A Astrologia teve importante papel na Medicina Medieval; os médicos de conhecimento mais elevados eram treinados em astrologia básica e a utilizavam em suas práticas

A Medicina medieval na Europa Ocidental era uma mistura de idéias existentes desde a antiguidade, influências espirituais e o aquilo que Claude Lévi-Strauss identificou como "complexo xamanístico" e "consenso social."Naquela época, não havia a tradição da medicina científica e as observações andavam lado a lado com influências espirituais.

No começo da Idade Média, após a queda do Império Romano, o conhecimento médico padrão era baseado principalmente em textos antigos da Grécia e de Roma, preservados em mosteiros e em outros locais. Os conceitos sobre a origem e a cura das doenças não estavam separadas do espiritualismo. Estavam, sim, baseadas numa visão de mundo na qual fatores como destino, pecado e astrologia atuavam em grande parte como qualquer causa física. Ao invés da evidência empírica, as crenças do paciente e do médico estavam tão atrelados à eficácia da cura que frequentemente o rémédio físico ficava subordinado à intervenção espiritual.

Influências

No início do período, não havia uma orientação médica única e organizada. Se uma pessoa adoecesse devido a um trauma ou doença poderia buscar tratamento no curandeirismo, num benzedor, na astrologia, através de encantamentos e misticismo ou finalmente procurar um médico consagrado, se houvesse um disponível. Além disso, as fronteiras que separavam essas ocupações eram tênues e móveis. Textos médicos clássicos, tais como aqueles de Galeno eram amplamente usados (mais com base em sua autoridade e tradição do que baseados em confirmação experimental).

Conforme o Cristianismo crescia em influência, se desenvolvia uma tensão entre a igreja e o curandeirismo devido ao seu aspecto mágico ou místico e à sua base em fontes que não eram compatíveis com a fé cristã. Encantamentos e simpatias que eram utilizados em conjunto com ervas e outros remédios deveriam ser substituídos por rezas cristãs. E mesmo o poder das ervas e a necessidade do uso de cristais deveriam ser explicadas através do Cristianismo.

A Igreja pensava que Deus às vezes enviava doenças como forma de punição e, nesses casos, o arrependimento poderia levar à cura. Isso levava à prática de penitência e peregrinação como meios de curar doenças. Na Idade Média, não se considerava a Medicina como uma profissão adequada para os cristãos, mesmo porque as doenças eram consideradas dádivas divinas. Deus era considerado o "médico divino" que enviava doenças ou curas conforme sua vontade. Entretanto, muitas ordens monásticas, particularmente os Beneditinos, consideravam o cuidado com os doentes como sua forma principal de trabalho.

A medicina medieval européia se tornou mais desenvolvida no Renascimento quando inúmeros textos médicos árabes sobre medicina antiga grega e medicina islâmica foram traduzidos para o Latim. Os mais influentes entre esses textos era o Cânone da Medicina de Avicena, uma enciclopédia médica escrita por volta de 1030 o qual resumia a medicina dos Gregos, a Indiana e a Muçulmana até aquele momento. O Cânone se tornou um texto de autoridade na educação médica européia até o início da Idade Moderna. Outros textos médicos traduzidos naquela época incluíam o Corpo Hipocrático atribuído a Hipócrates, Alkindus, De Gradibus o Liber Pantegni de Haly Abbas e Isaac ben Solomon, Abulcasis, Al-Tasrif e os escritos de Galeno.
Um dentista com um fórceps de prata e um colar de dentes grandes extraindo um dente de um homem sentado. Inglaterra - Londres; 1360 - 1375.
Iniciando-se nas áreas afetadas por último pela queda do Império Romano do Ocidente, uma teoria médica unificada começa a se desenvolver, baseada grandemente nos escritos dos médicos Gregos sobre Fisiologia, Higiene, Dieta, Patologia e Farmacologia e acreditada devido a descoberta de como a coluna vertebral controla os músculos. Através de dissecções eles descreveram as valvas do coração e determinaram a função da bexiga e dos rins.

Galeno de Pergamum, também um Grego, era o mais importante médico de sua época e ficou atrás apenas de Hipócrates na história da medicina da antiguidade. Em vista de autoridade incontestável sobre a medicina da Idade Média, suas principais doutrinas requeriam alguma elaboração. Galeno descreveu os quatro sintomas clássicos da inflamação (rubor, dor, calor e edema) e acrescentou muito ao conhecimento das doenças infecciosas e da farmacologia. Entretanto, seu conhecimento da anatomia humana era deficiente porque era baseado na dissecação de porcos. Alguns de seus ensinamentos frearam o progresso da medicina medieval. Sua teoria, por exemplo, de que o sangue carregaria o 'pneuma', ou o espírito da vida, responsável pela sua cor vermelha, conjugada à noção errônea de de que o sangue passaria através de uma parede porosa entre os ventrículos do coração, atrasou o entendimento da circulação sanguínea e desencorajou muito a pesquisa em Fisiologia. Seu trabalho mais importante, no entanto, foi no campo da forma e função dos músculos a a função das áreas da coluna vertebral. Ele também se destacou no campo do diagnóstico e do prognóstico. A importância do trabalho de Galeno não pode ser superestimada, já que seus conhecimentos de medicina grega foram transmitidos ao mundo ocidental pelos Árabes.

Traduções para a língua Anglo-Saxã dos trabalhos clássicos como Ervas de Dioscorides sobreviveram desde o século X, mostrando a persistência de elementos do conhecimento médico clássico. Compêndios como o Livro de Bald, citam uma variedade de trabalhos clássicos sobre remédios caseiros.

Dentista Medieval

Um dentista com um fórceps de prata e um colar de dentes grandes extraindo um dente de um homem sentado. Inglaterra - Londres; 1360 - 1375.

Impressão Medieval

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