quarta-feira, 11 de abril de 2012

Medicina na Idade Média


A Astrologia teve importante papel na Medicina Medieval; os médicos de conhecimento mais elevados eram treinados em astrologia básica e a utilizavam em suas práticas

A Medicina medieval na Europa Ocidental era uma mistura de idéias existentes desde a antiguidade, influências espirituais e o aquilo que Claude Lévi-Strauss identificou como "complexo xamanístico" e "consenso social."Naquela época, não havia a tradição da medicina científica e as observações andavam lado a lado com influências espirituais.

No começo da Idade Média, após a queda do Império Romano, o conhecimento médico padrão era baseado principalmente em textos antigos da Grécia e de Roma, preservados em mosteiros e em outros locais. Os conceitos sobre a origem e a cura das doenças não estavam separadas do espiritualismo. Estavam, sim, baseadas numa visão de mundo na qual fatores como destino, pecado e astrologia atuavam em grande parte como qualquer causa física. Ao invés da evidência empírica, as crenças do paciente e do médico estavam tão atrelados à eficácia da cura que frequentemente o rémédio físico ficava subordinado à intervenção espiritual.

Influências

No início do período, não havia uma orientação médica única e organizada. Se uma pessoa adoecesse devido a um trauma ou doença poderia buscar tratamento no curandeirismo, num benzedor, na astrologia, através de encantamentos e misticismo ou finalmente procurar um médico consagrado, se houvesse um disponível. Além disso, as fronteiras que separavam essas ocupações eram tênues e móveis. Textos médicos clássicos, tais como aqueles de Galeno eram amplamente usados (mais com base em sua autoridade e tradição do que baseados em confirmação experimental).

Conforme o Cristianismo crescia em influência, se desenvolvia uma tensão entre a igreja e o curandeirismo devido ao seu aspecto mágico ou místico e à sua base em fontes que não eram compatíveis com a fé cristã. Encantamentos e simpatias que eram utilizados em conjunto com ervas e outros remédios deveriam ser substituídos por rezas cristãs. E mesmo o poder das ervas e a necessidade do uso de cristais deveriam ser explicadas através do Cristianismo.

A Igreja pensava que Deus às vezes enviava doenças como forma de punição e, nesses casos, o arrependimento poderia levar à cura. Isso levava à prática de penitência e peregrinação como meios de curar doenças. Na Idade Média, não se considerava a Medicina como uma profissão adequada para os cristãos, mesmo porque as doenças eram consideradas dádivas divinas. Deus era considerado o "médico divino" que enviava doenças ou curas conforme sua vontade. Entretanto, muitas ordens monásticas, particularmente os Beneditinos, consideravam o cuidado com os doentes como sua forma principal de trabalho.

A medicina medieval européia se tornou mais desenvolvida no Renascimento quando inúmeros textos médicos árabes sobre medicina antiga grega e medicina islâmica foram traduzidos para o Latim. Os mais influentes entre esses textos era o Cânone da Medicina de Avicena, uma enciclopédia médica escrita por volta de 1030 o qual resumia a medicina dos Gregos, a Indiana e a Muçulmana até aquele momento. O Cânone se tornou um texto de autoridade na educação médica européia até o início da Idade Moderna. Outros textos médicos traduzidos naquela época incluíam o Corpo Hipocrático atribuído a Hipócrates, Alkindus, De Gradibus o Liber Pantegni de Haly Abbas e Isaac ben Solomon, Abulcasis, Al-Tasrif e os escritos de Galeno.
Um dentista com um fórceps de prata e um colar de dentes grandes extraindo um dente de um homem sentado. Inglaterra - Londres; 1360 - 1375.
Iniciando-se nas áreas afetadas por último pela queda do Império Romano do Ocidente, uma teoria médica unificada começa a se desenvolver, baseada grandemente nos escritos dos médicos Gregos sobre Fisiologia, Higiene, Dieta, Patologia e Farmacologia e acreditada devido a descoberta de como a coluna vertebral controla os músculos. Através de dissecções eles descreveram as valvas do coração e determinaram a função da bexiga e dos rins.

Galeno de Pergamum, também um Grego, era o mais importante médico de sua época e ficou atrás apenas de Hipócrates na história da medicina da antiguidade. Em vista de autoridade incontestável sobre a medicina da Idade Média, suas principais doutrinas requeriam alguma elaboração. Galeno descreveu os quatro sintomas clássicos da inflamação (rubor, dor, calor e edema) e acrescentou muito ao conhecimento das doenças infecciosas e da farmacologia. Entretanto, seu conhecimento da anatomia humana era deficiente porque era baseado na dissecação de porcos. Alguns de seus ensinamentos frearam o progresso da medicina medieval. Sua teoria, por exemplo, de que o sangue carregaria o 'pneuma', ou o espírito da vida, responsável pela sua cor vermelha, conjugada à noção errônea de de que o sangue passaria através de uma parede porosa entre os ventrículos do coração, atrasou o entendimento da circulação sanguínea e desencorajou muito a pesquisa em Fisiologia. Seu trabalho mais importante, no entanto, foi no campo da forma e função dos músculos a a função das áreas da coluna vertebral. Ele também se destacou no campo do diagnóstico e do prognóstico. A importância do trabalho de Galeno não pode ser superestimada, já que seus conhecimentos de medicina grega foram transmitidos ao mundo ocidental pelos Árabes.

Traduções para a língua Anglo-Saxã dos trabalhos clássicos como Ervas de Dioscorides sobreviveram desde o século X, mostrando a persistência de elementos do conhecimento médico clássico. Compêndios como o Livro de Bald, citam uma variedade de trabalhos clássicos sobre remédios caseiros.

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