terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Livro de Horas de Robinet Testard



 Iluminura do Livro de Horas de Robinet Testard, do último quartel do século XV, que representa a luxúria, um dos sete pecados capitais.

    Ambas situações representam as duas maneiras em como o ser humano é tocado pelo deleite da luxúria, através do corpo e da alma. No palco cimeiro vemos um jovem cavaleiro ricamente enfarpelado, vestido de vermelho, verde, branco e azul, ornado com uma farta cabeleira loira cacheada, cujas botas de cano alto exibem umas descomunais esporas, tão simbolicamente fálicas, trazendo na mão direita um exuberante pássaro, que por sua vez seduz com a entoação do seu belo canto. Monta um descomunal bode, provido duns colossais testículos, símbolo da luxúria, agarrando os cornos do animal para manter o equilíbrio.

    Na parte inferior, e bem no centro da cena da luxúria cortesã, uma jovem mulher de amarelo é assediada por três luxuriantes homens, sendo que um deles já a abraça por trás, com evidente agrado da donzela. À direita, do observador, outro varão levante a saia duma dama de azul, tocando nas suas partes intimas com a sua mão esquerda, enquanto ela tenta resistir e repelir a violenta abordagem. Atrás do homem, uma jovem vestida de vermelho assiste com manifesto agrado e êxtase à obscenidade.

    À esquerda, Asmodeus, príncipe do Inferno, provido duns longos cornos, assiste à cena, que ele próprio dirige e impulsiona com um diabólico dedo da mão direita, entregando as ovelhas ao lobo. O demónio Asmodeus representa o pecado da lascívia desde tempos bíblicos, sendo apontado como aquele que conduziu e submeteu Sodoma à suprema luxúria.




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